O Tempo Chega Manso
A idade vem chegando, a gente sente. Os olhos já não pegam tudo tão nítido, o som das palavras às vezes escapa. O sono fica mais curto, e a noite, um silêncio só nosso. Os passos? Ah, esses andam mais devagar, sem pressa.
Mas o amor muda também. A gente não precisa de grandes gestos, simplesmente receber a atenção dos mais novos. A gente chora mais fácil, com um filme, uma lembrança, uma música antiga. A felicidade se esconde nas coisas pequenas: um café quentinho, um raio de sol na janela, o sorriso de um neto.
A saúde, essa nos lembra que o tempo passa para todos. A gente se preocupa, cuida, tenta manter a força. Os amigos… alguns se foram, a vida levou para longe. A saudade aperta, mas guardamos no peito as boas histórias, os risos compartilhados.
A gente entende a vida, agora. Vê que ela é um presente único, que não dá para jogar fora. O tempo mostra no espelho as marcas, no corpo o cansaço. Mas lá dentro, a vontade de viver, de sentir, de amar, essa não pode sumir. A gente espera o tempo chegar, com a calma de quem já viu muita coisa, mas com a esperança de quem ainda tem muito para viver. A gente não desiste. Nunca.